Brics Pay pode estrear em setembro e promete diminuir dependência do dólar

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Sistema de pagamento instantâneo deve facilitar comércio internacional, reduzir custos e ampliar inclusão financeira

 (Divulgação)

Belém (PA) – O Brics Pay, conhecido como o “Pix do Brics”, está próximo de sair do papel. Segundo Andrey Mikhailishin, chefe do grupo de trabalho de serviços empresariais do Conselho Empresarial do bloco, em entrevista à Exame, a ferramenta encontra-se em fase avançada de testes e pode ser oficialmente lançada já em setembro de 2025.

O sistema foi projetado para permitir transferências instantâneas entre os países-membros, com menor custo, mais agilidade e menos risco cambial. A proposta é atender desde pagamentos cotidianos, como despesas em viagens, até operações comerciais entre exportadores e importadores.

Uma das principais inovações é a conversão direta entre moedas locais, por exemplo, real para yuan, sem a necessidade de passar pelo dólar. Essa dinâmica elimina a cobrança dupla de IOF e reduz a exposição ao câmbio, tornando as transações mais rápidas e previsíveis.

“O Brics Pay não pretende substituir os sistemas já existentes, mas complementá-los, ampliando a segurança e reduzindo custos das operações internacionais”, explica Mikhailishin.

O sistema utiliza o Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), tecnologia descentralizada inspirada no blockchain, que garante validação distribuída e maior resiliência em relação ao modelo centralizado do SWIFT.

Inclusão financeira e interoperabilidade

Além de impulsionar o comércio entre os 11 países do bloco, o Brics Pay tem potencial para aumentar a inclusão financeira em regiões onde meios tradicionais de pagamento ainda não chegam. Essa característica pode representar um desafio maior a empresas como Visa e Mastercard do que ao próprio dólar, avaliam especialistas.

Outro ponto em desenvolvimento é a interoperabilidade com o Pix brasileiro. A expectativa é que até o final de 2025 seja possível anunciar um gateway que conecte os dois sistemas. Isso permitiria que brasileiros utilizassem o Pix no exterior via QR code e que estrangeiros pudessem pagar em estabelecimentos locais no Brasil usando suas moedas nacionais através da plataforma Brics Pay.

Impactos no mercado internacional

Embora o Brics Pay seja visto como parte da estratégia de reduzir a dependência do dólar, especialistas consideram que ele ainda não tem força suficiente para ameaçar a hegemonia da moeda americana, sustentada pela profundidade do sistema financeiro dos EUA e pelo dólar como reserva de valor global.

O movimento, no entanto, abre espaço para novas oportunidades de negócios, tanto para empresas que atuam no comércio exterior quanto para startups e instituições financeiras que poderão desenvolver soluções a partir da integração do sistema.

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