Nova empresa de saneamento assume operação em setembro no Pará

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A Aegea substitui a Cosanpa no abastecimento de água e coleta de esgoto em 99 cidades do Estado, com mais de R$ 15 bilhões de investimentos

Fonte: Reprodução – Aegea

Belém (PA) – A partir de 1º de setembro, uma nova empresa de saneamento básico passará a operar no Pará, substituindo a Cosanpa nas áreas de abastecimento de água e coleta de esgoto em 99 municípios do Estado. A concessionária responsável será a Águas do Pará, pertencente à holding Aegea Saneamento, a maior empresa privada de saneamento do Brasil.

A Cosanpa continuará existindo, mas terá atuação restrita à captação e distribuição de água potável, seguindo modelo semelhante ao da Cedae no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, a Aegea enfrentou desafios específicos em cada bloco de concessão, equilibrando áreas mais problemáticas com setores mais estruturados. Na Zona Norte, por exemplo, a Águas do Rio realiza intervenções para regularizar o acesso à água na comunidade da Mangueira.

A experiência da empresa em áreas de vulnerabilidade social é um diferencial. Vielas estreitas, pontos íngremes e a necessidade de diálogo com moradores e lideranças locais fazem parte da complexidade do trabalho em favelas, segundo Anselmo Leal, CEO da Águas do Rio, que já atuou em Altamira, no Pará, durante a instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A Aegea mantém programas e protocolos para viabilizar as obras e incentivar a adimplência. De acordo com o diretor comercial Waldyr Bittencourt Júnior, a emissão de comprovantes de residência por meio da conta de água tem impacto social, permitindo que famílias de áreas carentes tenham acesso a crédito, antes dificultado pela ausência de documentação oficial.

Contrato e investimentos

O contrato de concessão da Aegea no Pará terá duração de 40 anos e prevê mais de R$ 15 bilhões em investimentos. Entre as metas estão a universalização do abastecimento de água até 2033 na Região Metropolitana de Belém e a cobertura de 90% do esgoto até 2039 nos demais blocos. A empresa venceu três dos quatro blocos de concessão leiloados em abril na B3, em São Paulo.

A Vila da Barca, no bairro Telégrafo, em Belém, será a primeira comunidade a receber os serviços da Águas do Pará. A previsão é de que mais de 1.400 residências sejam beneficiadas até 2026 com redes de água e esgoto adaptadas às palafitas. Serão implantados 2,3 km de rede de água elevada e 1,7 km de rede de esgoto, com hidrômetros individuais em cada casa. A primeira fase deve gerar mais de 200 empregos no Estado, incluindo moradores locais.

Waldyr Bittencourt explica que a tarifa social será mantida em R$ 36,00, com consumo de até 20 m³ por mês, por residência. Ele garante que o valor não sofrerá aumento, respondendo às dúvidas frequentes de moradores sobre reajustes.

Experiência e desafios

Desde 2018, a Aegea também opera a concessionária Águas de Manaus, considerada um divisor de águas dentro do grupo. Mais de 100 mil palafitas já foram atendidas na cidade, e a experiência em relacionamento com comunidades vulneráveis influenciou a estratégia do grupo em responsabilidade social e adimplência.

O saneamento no Pará é um dos maiores desafios do Estado. Em 2022, cerca de 4 milhões de pessoas, metade da população, ainda não tinham acesso à água tratada. O tratamento de esgoto atingia apenas 6,1%, e Belém figura entre as capitais com os piores índices do país.

Apesar de a Cosanpa ser uma empresa de economia mista, a maior parte das ações é controlada pelo Governo do Estado. O contrato de concessão foi firmado diante dos problemas históricos de distribuição e coleta de esgoto, com o Executivo estadual prometendo fortalecer órgãos reguladores para fiscalizar a concessionária, evitar cobranças abusivas e garantir o cumprimento do contrato.

Anselmo Leal ressalta que o modelo adotado no Pará é similar ao do Rio de Janeiro, com quatro anos de experiência do grupo em contratos e regulação sólida, garantindo segurança para os investimentos necessários.

Sobre a Aegea

A Aegea tem como controladora a Equipav, uma empresa familiar de investimentos, e sócios minoritários Itaúsa e Fundo Soberano de Cingapura. A holding afirma que a concessão permitirá desburocratizar os serviços antes feitos pela Cosanpa, facilitando o acesso a mão de obra, recursos e maquinário.

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